terça-feira, 24 de maio de 2011

TEMA INTEGRADOR:A PRODUÇÃO DO MEU CORPO: SAÚDE E BELEZA.

          Nesta Unidade Formativa os educandos trataram de um assunto muito importante no que se refere a saúde e beleza corporal. Neste tema irão trabalhar a saúde corporal, mental e espiritual. Aproveitem lendo este texto.
SAÚDE E BELEZA.
    As mudanças dos padrões corporais, as maneiras de tratar o corpo e o cuidado com a aparência ao longo do tempo, é resultado das transformações dos conceitos de beleza, (re) construídas pelas experiências históricas e sociais dos indivíduos.
    Pensar em beleza nos remete a um conceito clássico, o apolíneo, representado pelo deus Apolo, símbolo ideal de beleza grego, marcado pela medida, simetria, proporção e harmonia das formas de uma modelo corporal enquadrada em predefinições absolutas e perfeita, reduzindo os múltiplos corpos e suas singularidades em função da exaltação apreensiva e impositiva de um único modelo de beleza.
    Compreendemos que a concepção de beleza está geralmente associada a um conceito clássico absoluto e atemporal, sendo importante considerar que ele não é o único nem o suficiente para abarcar todo o universo estético na contemporaneidade (PORPINO, 2003).
    Como podemos perceber, enquanto o conceito de beleza relaciona-se diretamente a uma concepção marcada fortemente pelos cânones gregos de corpo, existem outros sentidos, formas e possibilidades de enxergar o belo, distantes desses padrões clássicos.
    É o que reflete a autora citada (2003), ao afirmar que a experiência estética, experiência que se dá exclusivamente no corpo, ocorre a partir de um olhar sensível e troca recíproca entre o sujeito e o objeto, tatuados por significações históricas e culturais, que estabelecem as próprias relações estéticas desse sujeito:
    ...sobre o corpo se encontra os estigmas dos acontecimentos passados do mesmo modo que dele nascem os desejos, os desfalecimentos e os erros; nele também eles se atam e de repente se exprimem, mas nele também eles se desatam, entram em luta, se apagam uns aos outros e continua seu insuperável conflito (FOUCAULT apud FISCHER, 2001, p. 218).
    Nesse contexto, entendemos que é no corpo onde estão tatuados as marcas e os controles sociais e culturais, uma vez que, no corpo ocorrem os controles da sociedade, as relações de poder, não por ideologias “sobrevoantes” (FOUCAULT, 1979), mas por um discurso, que reconstrói e amplia os conhecimentos.
    Nesse sentido, Marujo (2004) afirma que os discursos influenciam substancialmente nossas condutas, determinando nossas ações. Dessa forma, quando esses pensamentos são externalizados, considerando-os como discursos, podem permitir e contribuir para um olhar crítico diante dos ditames impostos pela sociedade.
    Portanto, pensamos que os discursos acerca do corpo e da beleza em âmbito educacional, situados no campo de conhecimento, podem contribuir para ampliação e reflexão acerca dos modelos vigentes apregoados em nossa sociedade.
    A partir desse pensamento discutimos as relações entre Corpo, Beleza, Educação e Educação Física, a partir de alguns questionamentos: Quais os discursos sobre Corpo e Beleza na Educação Física? Qual a importância desses discursos para refletirmos a educação?
    A partir desses questionamentos, objetivamos discutir as relações entre Corpo, Beleza e Educação com enfoque nas praticas discursivas da Educação Física. Apresentamos nesse estudo, parte das nossas reflexões do projeto de mestrado apresentado ao programa de Pós-graduação em Educação, na UFRN, onde os discursos do corpo e da beleza se fazem presente, permeando nossas reflexões e questionamentos. Para se chegar a essa discussão, utilizamos como interlocutor principal Michel Foucault, buscando compreender os principais conceitos de sua teoria, tomando algumas das reflexões sobre o discurso presente em suas obras e sua relação com a produção dos saberes.
    Entendemos ser importante refletir sobre as múltiplas interpretações da beleza, a partir da sua relação com a Educação Física, pois esta, enquanto área na qual a estética clássica impera, carece de indagações e reflexões dos modelos vigentes e da forma pelo qual, a beleza é compreendida e discutida em seu campo pedagógico. No entanto, que não neguem o conceito clássico, mas que possa abarcar outras interpretações do belo (PORPINO, 2003, p. 155).
    Nesse sentido, entendemos que os discursos da Educação Física, não podem reduzir apenas aos conceitos das áreas da saúde, médicas, fisiológicas, desportivas, nem tão pouco romper com estes, haja vista que eles são necessários. É preciso, considerar que tais referenciais não são suficientes para compreensão do corpo e da beleza na contemporaneidade.
    Desse modo, esperamos contribuir para o debate sobre o corpo e a beleza na Educação Física e demais áreas. Corpo como existência e relação entre o homem e o mundo. E, beleza não como modelo ou idéia, mas numa perspectiva não-linear, como uma percepção sensível entre o objeto e o indivíduo (PORPINO, 2003).
    É relevante analisar as concepções de corpo e de beleza presente nos discursos da Educação Física, uma vez que, o diálogo entre os diversos campos de conhecimento, como por exemplo, biologia, anatomia, fisiologia, desenvolvimento motor, psicologia, filosofia etc. presentes na área, possibilita diferentes olhares e discursos acerca do corpo e da beleza.
Os discursos sobre corpo e beleza
    Tomando como base o pensamento de que o corpo jamais mereceu tanto cuidado e atenção como na atualidade. Desde os aparatos, adereços, vestuários até os inúmeros métodos e técnicas e as possibilidades de transformação corporal através de cirurgias plásticas, o corpo vem se tornando um verdadeiro objeto de consumo. Com isso, a preocupação dos indivíduos, as expectativas em corresponder a sua aparência corporal ao corpo veiculado como modelo, padrão, exemplo de perfeição e beleza a ser alcançado por todos que desejam fazer sucesso frente à sociedade (KLEIN, 2005, p.2) são aspectos que confirmam aquilo que podemos entender como culto ao corpo.
    A idéia do culto ao corpo vem sendo tratada por alguns autores na contemporaneidade como, por exemplo, SANT’ANNA (1995), MARZANO-PARISOLI (2004), SILVA (2001), dentre outros.
    Segundo DEL PRIORE (2004) no culto ao corpo cada um é adorado e adorador. O adorado é o corpo “perfeito”, esculpido e modelado a custas de musculação, dietas, cirurgias plásticas, anabolizantes e medicamentos, enquanto os adoradores são os consumidores que investem tempo e dinheiro em busca da “perfeição” corporal.
    O culto ao corpo coloca-se hoje como preocupação geral atravessando todos os setores, classes sociais e faixas etárias, apoiada num discurso ora voltada à questão estética, ora à preocupação com a saúde. Assim, a percepção do corpo na atualidade é dominada pela existência de um vasto arsenal de imagens visuais e técnicas que investem na transformação corporal, projetando corpos perfeitos para sociedade, de modo que não basta ser saudável: há que ser belo, jovem, estar na moda e ser ativo (FIGUEIRA, 2005, p.2). Nesse investimento, destaca-se:
    Cirurgias para alterar a anatomia humana (suprime-se costelas, enxerta-se músculos), a utilização de próteses para reconfigurar o desenho das linhas do corpo, são inovações relativamente democratizadas e “naturalizadas” de agir com o corpo, possíveis pelo avanço tecnológico (CHAVES, 2003, p.3).
    De modo que a tecnologia cada dia mais avançada tem deixado os indivíduos cada vez mais submissos a comodidade por ela proporcionada. Cirúrgicas plásticas cada vez mais facilitadas, novas técnicas para mudar a silhueta corporal, medicamentos para saciar a fome e estimuladores elétricos que prometem proporcionar uma musculatura definida sem sacrifícios.
    Diante de tanta modernidade e avanços tecnológicos, o corpo tem sido arquitetado e construído para atender a funções e necessidade específica, fabrica-se um corpo funcional que vai servir melhor para esta ou aquela tarefa, para esta ou aquela finalidade, para esta ou aquela situação (BAITELLO, 2001, p. 8).
    Para o autor citado (2001) tem-se aí um corpo visto como uma máquina, que é construído pelo próprio homem, que deve apresentar perfeição absoluta e estar nos cânones da função, do padrão e de beleza que lhes são ditados. Impedindo a esse corpo desvios, oscilações, defeitos, desordens fragilidade e envelhecimento.
    Nesse sentido, o corpo deve ser completamente compacto, firme, enxuto, recheado por formas metrificadas, com musculatura definida, jovem e sem marcas. Para tanto, vale bombado, siliconizado e transformado, com o objetivo de adquirir o corpo “perfeito”. Para isso, as intervenções cirúrgicas possibilitam corrigir os “defeitos” e “desordens” corporais para que o indivíduo exponha em público um corpo idôneo ao padrão de perfeição, pois ele não pode ser aceito a não ser que seja conforme aos modelos culturais e sociais (MARZANO-PARISOLI, 2004, p. 19).
    No entanto, em nosso planeta existe uma imensa diversidade de culturas, portanto, hábitos e relações sociais diferentes. Entendemos que em cada lugar o ser humano desenvolve um olhar diferente para o corpo e para beleza. De modo que não podemos definir qual deles é “melhor” ou “pior”, “mais belo” ou “mais feio”, já que ao tratar de cultura, tudo é relativo (KEMP, 2005, p.34).
    Carregamos em nosso corpo não apenas uma mera herança biológica, já que ele não pode ser considerado apenas biológico, pois está situado, no mundo dos sentidos, das significações, das relações, da história (MEDEIROS, 2005, p. 23).
    Nele carregamos as raízes das manifestações culturais da qual fazemos parte, construímos idéias, valores, crenças, símbolos que circulam e determinam padrões estabelecidos dentro da sociedade, em outras palavras:
    O corpo de cada indivíduo de um grupo cultural revela, assim, não somente sua singularidade pessoal, mas também tudo aquilo que caracteriza esse grupo como uma unidade. Cada corpo expressa a história acumulada de uma sociedade que nele marca seus valores, suas leis, suas crenças e seus sentimentos, que estão na base da vida social (GONÇALVEZ, 1994, p. 13).
    Nesse contexto, pensar o corpo como produção cultural e discursiva, nos faz refletir que toda modificação corporal, são permeados por relações de poder, a partir de um imenso leque de significações biológica, cultural e social, pois o corpo expressa a história individual e a história acumulada de uma sociedade(NÓBREGA, 2005, p.77).
    Foucault (1979) clarifica que em nosso discurso existem normas que regem nossa percepção, mecanismos que possibilitam que eles se estruturem e se reproduzam, haja vista que, o poder se gera e materializa em uma gama extensa de relações pessoais.
    Portanto, ao corpo que se manipula, se modela, se treina, que obedece, responde, se torna hábil ou cujas forças se multiplicam, pode-se encontra facilmente sinais do alvo de poder dedicado ao corpo. Corpo que pode ser submetido, que pode ser utilizado, que pode ser transformado, modificado e aperfeiçoado (FOUCAULT, 1987).
    De acordo com Lê Breton (2007) na modernidade continuamos com o dualismo, no entanto, não mais o dualismo que opõe a alma ao corpo, mais sutilmente aquele que opõe o homem ao corpo, no sentido em que, diante das inúmeras possibilidades de intervenção corporal, se modificando a aparência, o próprio homem é modificado.
    Acerca da beleza, Kemp (2005) esclarece que devemos considerar a história, os laços sociais e culturais que envolvem o corpo, uma vez que, o que para nós é considerado feio esteticamente, em outras culturais, podem ser traços indiscutíveis de beleza. Logo, corpo, cultura e sociedade se entrelaçam nas relações que determinam o agir, o olhar e o discurso do indivíduo para o corpo e para beleza.
    Desse modo, se olharmos uma mesma cultura em diferentes épocas, iremos perceber que o ideal de beleza se modifica, é criado e (re) criado, estabelecendo a compreensão daquilo que se tem como “feio” e “belo”, como bem enfatiza:
    Basta olharmos os múltiplos corpos que transitam e confundem-se nas ruas dos grandes centros urbanos para vermos como são diversos os aspectos culturais que levam determinadas pessoas a serem vistas como belas (PORPINO, 2003, p. 152).
    Dessa maneira, corpo e beleza como campos de reflexões, discursos e intervenções sociais, possuem múltiplos significados que variam ao longo do tempo, fazendo com que um indivíduo nunca seja considerado totalmente belo, ou seja, belo em absoluto, mas de forma relativa, já que esse conceito varia ao longo do tempo e das culturas. Isso ocorre, porque as culturas abarcam as dinâmicas, rupturas e conflitos de geração, de modo que, não apenas a concepção, mas o próprio “gênero” de beleza é modificado (VIGARELO, 2006).
    Para tanto, é possível perceber essas transformações temporais e coletivas, constituem as concepções de beleza dos indivíduos. Logo, os discursos a cerca da beleza, não podem ser reduzidos a contemplar e divulgar um único modelo, já que são múltiplas as interpretações da beleza criadas na história que podem ser revividas e resignificadas (IDEM, p. 157).
    Segundo Feitosa (2004) a beleza se mostra na proporção, no esplendor da ordem, focalizado pela luz e pelo bem, enquanto, o feio, relaciona-se com a desmedida, na instância da assimetria e do excesso, focalizado pela escuridão e pelo mal.
    Para o autor citado (2004), esses elementos não se baseiam apenas em critérios de “gosto próprio”, “de agrado” ou “desagrado”, mas pelas influências dos discursos sociais, culturais, morais e temporais que cercam os indivíduos.
    Cabe assim, refletirmos quais os discursos da beleza que permeiam a Educação Física, para vivenciar a experiência da beleza para além dos modelos ditos “ideias”, em outras palavras:
    O belo precisa ser experimentado, vivido, solicitando assim, a sensibilidade, como convite à contemplação. O belo não é uma idéia ou modelo, mas uma articulação que acontece na percepção, proporcionada pelos jogos expressivos do corpo (NÓBREGA, 2003).
    Dessa forma, é preciso entender que a percepção do sujeito é fruto de sua existência, tatuadas por significações de sua historicidade, cultura e vivências sensíveis. Assim, perceber criticamente o padrão de beleza pode desmistificar e abrir possibilidades para além de suas idealizações, causando vislumbre onde antes não havia evidências.
    Compreendemos que, o corpo como construção discursiva, permeado por relações de poder e constituído por formação de saberes, é o único meio em que eu posso me entrelaçar com o objeto, reconhecer e ser reconhecido, viver e ser vivido, sentir e ser sentido, tocar e ser tocado, olhar e ser olhado, compreender e ser compreendido, me encantar pela beleza e ser envolvido por ela, em outras palavras:
    O enigma consiste em meu corpo ser ao mesmo tempo vidente e visível. Ele, que olha todas as coisas, pode também se olhar, e reconhecer no que vê então o “outro lado” de seu poder vidente. Ele se vê vidente, ele se toca tocante, é visível e sensível para si mesmo (MERLEAU-PONTY, 2004, p. 17).
    Discutir os discursos dos sujeitos seria compreender as relações históricas e as práticas sociais que envolvem os seus discursos, haja vista que essas relações produzem um campo de saberes na sociedade ao intervir nos discursos das pessoas. As palavras, letras e frases não podem ser entendidas apenas como “expressão” de algo, pois elas apresentam uma legitimidade própria daquele sujeito que obedece a um conjunto de regras, dadas historicamente e que afirma a verdade de um tempo, já que as coisas ditas estão amarradas às dinâmicas de poder e saber de um tempo (FISCHER, 2001).
    Sendo assim, consideramos o discurso como uma construção social, não individual, e que só pode ser analisado considerando seu contexto histórico-social e suas condições de produção, pois reflete uma visão de mundo determinada, necessariamente, vinculada à dos seus autores e à sociedade em que vivem. Portanto, encontraremos respostas nos discursos, já que eles são carregados de sentidos que não sabemos como se constituíram, mas que significam em nós e para nós, ou seja, os discursos não são “soltos”, mas estão amarrados em sentidos, na história da vida dos indivíduos.
Reflexões para a educação e para a Educação Física
    Tudo que sentimos, vivemos ou percebemos, é sentido, vivido e percebido em nós mesmos, ou seja, em nosso corpo. E, assumi-lo frente as suas desordens, angústias, devaneios, vislumbres e experiências vividas e trocadas com o mundo, diante das normas, condutas e imposições, ao qual somos em todo tempo impelidos a vigiar e punir o corpo é um desafio constante, já que eu só tenho consciência de meu corpo através do mundo... e só... tenho consciência do mundo devido meu corpo... (MERLEAU-PONTY, 1971, p. 95).
    A tarefa dos professores é delicada e complexa, pois ao lidar com os indivíduos, lida com os corpos, e os corpos nunca se repetem, nunca são iguais. Por isso, eles são levados e desafiados a um processo de escuta, sensibilidade e interpretações constantes nas relações que envolvem o seu corpo e o corpo do outro, uma vez que cada corpo tem seu tempo, a sua história, os seus desejos. É preciso ouvi-los, tocá-los, percebê-los em si e em comunicação com os outros corpos (NÓBREGA, 2002, p.2).
    Dessa maneira, pensamos que a Educação Física pode contribuir para um olhar crítico frente aos valores que permeiam a sociedade, frente às constantes mudanças nos conceitos de beleza, possibilitando outros sentidos nas questões relativas ao corpo, a estética. Nessa perspectiva poderá questionar os sacrifícios e as formas de modificação corporal, que os indivíduos submetem-se, para se adequarem ao modelo de beleza vigente na sociedade.
    Tendo em vista que a sociedade pode influenciar de maneira significativa a visão de corpo e de beleza. É necessário que a Educação Física como área de conhecimento que se relaciona com essas questões, possibilite intervenções numa perspectiva crítica, tendo como referências a necessidade de produzir diversos olhares para a beleza, para além do conceito clássico imposto como modelo na sociedade.
    Para tanto, entendemos que os professores da área, constituem parte fundamental para que esses discursos ao chegarem aos campos educacionais, possibilitem diálogos e reflexões acerca do corpo e da beleza, a fim de produzir indivíduos críticos frente aos sentidos corporais que permeiam na sociedade, uma vez que é a consciência crítica que nos permite romper com as condições petrificadas ideologicamente (GONÇALVEZ, 1994).
    Nesse contexto, a Educação Física em seus campos pedagógicos não podem ser reduzidos a contemplar e divulgar um único modelo de beleza, já que são múltiplas as interpretações da beleza criadas na história que podem ser revividas e resignificadas (PORPINO, 2003).
    Dessa forma, corpo e beleza como campos de reflexões e intervenções sociais, possuem múltiplos significados que variam ao longo do tempo, fazendo com que um indivíduo nunca seja considerado totalmente belo, ou seja, belo em absoluto, mas de forma relativa, já que esse conceito varia ao longo do tempo e das culturas, sendo possível perceber essas transformações temporais e coletivas que constituem as concepções de beleza das pessoas.
    Os professores de Educação Física, na medida em que ampliam os significados de corpo e de beleza, a partir dos múltiplos sentidos para se enxergar a beleza, é capaz de produzir diferentes significados para os indivíduos, ao considerar e respeitar as diferenças que são reveladas nas expressões de cada corpo.
    Destarte, os professores de Educação Física devem proporcionar diálogos críticos e reflexivos, contribuindo para além da objetividade do belo. E, Possibilitando novas sensações, diferentes enfoques e sentidos diversos para as questões relativas ao corpo e a beleza. Abrindo caminhos de transformação dos sentidos da beleza e da estética, já que questionar os sentidos da estética pode despertar a chave de modificá-los (SANT’ANNA, 2001).
    Nesse sentido, se faz relevante discutir acerca das compreensões de corpo e de beleza presentes nos discursos da educação, em outras palavras:
    Mesmo que o discurso considerado seja a reprodução de um simples ato de fala individual, não estamos diante da manifestação de um sujeito [...] já que o sujeito da linguagem não é um sujeito em si [...] ele é ao mesmo tempo falante e falado, porque através dele outros ditos se dizem (FISCHER, 2001, p. 207).
    Nesse contexto, os discursos dos professores ao serem externalizados em suas ações pedagógicas despertam possibilidades de mudanças consistentes. E, mesmo que inicialmente caiam em terras estéreis e não produzam frutos, mostram- se fortes e significativos para que quando lembrados, um dia quem sabe, germinem. E por fim, em terras fecundas produzem reflexões, (re) construção e contribuições significativas para o desenvolvimento a ampliação da formação dos indivíduos.

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