Ética, cidadania e democracia:
conteúdos essenciais em nossa escola A tentativa de resgatar a cidadania na escola, de apresentar os valores morais, éticos e humanos que temos foram os principais motivos que me levaram a escrever este artigo.
Hamilton Werneck Levantando questões sobre cidadania, ética, democracia e educação, coloco um ponto importante em meu artigo, porque acredito que as mesmas não andam separadas. Para ser cidadão, no sentido literal da palavra, devemos ter ética e viver em uma democracia. E onde aprendemos, na prática, estes conceitos? Na escola, onde a cada dia somos colocados a prova, no convívio com outros seres, tão iguais a nós, mas completamente diferentes em suas individualidades. E para ser cidadão ético e democrata, devemos saber viver em harmonia com os demais. E é nas aulas de educação física que o espaço para este aprendizado está aberto, sendo ideal pelo fato de elas proporcionarem ao aluno esta vivência social e também colaborarem para que ele aprenda a conviver com a idéia de igualdade entre os alunos.
Sendo a escola, um espaço de vivência onde os alunos podem discutir os valores éticos, não numa visão tradicional, mas sim de uma forma onde realmente todos possam ter o privilégio de entender os significados de seus valores éticos e morais que constituem toda e qualquer ação de cidadania, encontra-se dentro deste espaço, a figura do professor. E para que o aluno entenda o que é conviver com democracia e ética, esta figura passa a ser um espelho, um modelo a ser seguido pelo aluno. Desta forma, o professor coloca-se numa posição de muito destaque dentro da turma e pode passar a ser alvo de críticas e também de reflexões sobre suas atitudes e seus conceitos.
O professor passa a ser vista como um educador, um auxiliador na formação do caráter dos seus alunos e, como coloca HURTADO (1983, pg 77), esta influência deve ser no sentido de:
"...orientar vivências, sendo um elemento crítico e questionador de valores, o que lhe permitirá realizar muito mais no sentido de desenvolver o espírito crítico dos alunos, se souber aproveitar fatos e informações obtidos de outras fontes que não somente as da escola e, a partir deles, procurar auxiliá-los a estruturar sua personalidade."
Os Parâmetros Curriculares Nacionais, na tentativa de propor uma educação comprometida com a cidadania, elegeram, com base em textos constitucionais, princípios pelos quais pode ser orientada a educação escolar, e que estão descritos abaixo :
· Dignidade da pessoa humana, que implica no respeito aos direitos humanos, repúdio à discriminação de qualquer tipo, acessa a condições de uma vida digna, respeito mútuo nas relações interpessoais, públicas e privadas.
· Igualdade de direitos que refere-se à necessidade de garantir que todos tenham a mesma dignidade e possibilidade de exercício da cidadania. Para tanto há que se considerar o princípio da eqüidade, isto é, que existam diferenças (éticas, culturais, regionais, de gênero, etárias, religiosas, etc.) e desigualdades (socio-econômicas) que necessitam ser levadas em conta para que a igualdade seja efetivamente alcançada.
· Participação, que como princípio democrático, traz a noção de cidadania ativa, isto é, da complementaridade entre a representação política tradicional e a participação popular no espaço público, compreendendo que não se trata de uma sociedade homogênea e sim marcada por diferenças de classe, étnicas, religiosas, etc.
· Co-responsabilidade pela vida social, que implica em partilhar com os poderes públicos e diferentes grupos sociais, organizados ou não, a responsabilidade pelos destinos da vida coletiva.
São estes pontos que o professor necessita para trabalhar o conceito de igualdade e democracia dentro do âmbito escolar. Podemos levar em consideração o que diz KUNZ (1991), onde ele se refere aos processos de conscientização de educadores e educandos, para que possam juntos construir uma nova forma de saber. E sobre isso, FREIRE apud KUNZ (1991, pg 146) se refere ao saber, como "... um processo que nasce da prática humana na transformação da realidade social."
Após estas reflexões, falaremos sobre a ação docente. O papel do professor dentro de uma sala de aula, onde ali, ele está diante de uma turma e esta espera dele, com toda sua experiência de vida e toda a dedicação que ele tem pela profissão de educador, uma forma de transmitir os conteúdos pré-determinados não só para o ensino da educação física na escola, mas também para as outras disciplinas. E desta forma tão especial que colocamos a figura do professor, utilizo CUNHA (1999) para embasar minha conclusão.
De acordo com CUNHA (1999, pg 27),
"...como talvez fosse precipitado afirmar que o professor tem papel principal no desempenho escolar, é impossível desconhecer que sem o professor não se faz escola e, consequentemente, é fundamental aprofundar estudos sobre ele."
É claro que pode ser por uma influência de minha escolha pessoal pela profissão, mas acredito que a figura do educador, como acho melhor chamá-lo, tem uma importância tão grande que nem o melhor médico do mundo seria uma pessoa de sucesso se por trás dele não existisse a figura do professor. Professor esse que necessita de vocação para atuar, tem que "gostar da coisa" para ser professor, por que muitas vezes nos deparamos com alguns conceitos de que ser professor - e principalmente de Educação Física - é uma tarefa fácil de se realizar. Mesmo não sendo a mais valorizada das profissões, acredito ser ela a mais importante. O que restringe a ação docente é a sociedade da qual fazemos parte, que busca a realização financeira, o status de ser o melhor, ou que, mesmo não sendo tão aparente, nos leva a crer que temos de ser os melhores sempre, termos as melhores profissões. Afinal, que pai "médico" vai querer que seu filho seja professor ? Só se for professor universitário. E mesmo assim precisa de vocação para dar aula em uma universidade. De acordo com HURTADO (1983), vocação encontra-se como um dos requisitos básicos que um professor necessita para atuar dentro do processo de ensino-aprendizagem.
Como podemos constatar na citação de SCHMITZ apud HURTADO (1983, pg 71), vocação significa "propensão interna para a profissão, vontade de segui-la, possibilidade e recursos para exercê-la."
Ou seja, para que eu possa terminar este artigo e consiga repassar a vocês o que eu estou pensando agora, tentarei descrever isto em forma de pensamento.
"Assim como o médico existe para prevenir e curar doenças e sua felicidade é a recuperação de seu paciente, o professor deveria pensar que sua missão é a de ensinar a quem não sabe, ajudar a amadurecer os imaturos e que sua felicidade está em ver o progresso gradual de todos eles, caso contrário, não haveria necessidade de escola, professores e sistema educacional."
Luciano Ferreira Coimbra
luck.anao@pop.com.br
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